Ascendentes de Adília Guerra Lobo Guimarães
Ao longo deste capítulo serão reveladas as várias gerações de antepassados de Adília Guerra Lobo Guimarães.
Eurico Fernandes Pinheiro Guimarães nasceu entre 1909 e 1910, em Valmaior (Albergaria-a-Velha) e faleceu em 1979 no Porto. Com apenas 11 anos veio para a cidade do Porto, onde foi empregado bancário. Casou-se com Adília Guerra Lobo Guimarães (1), nascida em 1908-1909, na Rua São Roque da Lameira (Porto), onde também faleceu em 1978.
Fernando Lobo Guimarães nasceu a 12 de Março de 1929, em Campanhã, no Porto. Casou em 1959 com Gisela Rodrigues Azevedo Guimarães. Desta união resultou um filho, Rui Azevedo Cardoso Guimarães, que nasceu a 11 de Março de 1961 em Lourenço Marques, Moçambique.
Rui Azevedo Cardoso Guimarães casou com Maria de Fátima dos Santos, em Sanguedo (Santa Maria da Feira), e tiveram duas filhas a 26 de Março de 1985, Vanessa dos Santos Guimarães e Nathalie dos Santos Guimarães.
O casamento de Rodrigo com Maria Germana é curioso! Foi um casal que viveu junto bastantes anos antes de se casarem. Não sei como estas situações seriam vistas na época mas, à partida, seriam condenadas. Contudo, a família Lima Lobo parece ter aceitado perfeitamente dado que vários elementos são padrinhos dos filhos de Rodrigo e Maria Germana.
Rodrigo e Maria Germana tiveram pelo menos 5 filhos:
Fotografia de Família em Moçambique (Eurico e Adília com a família do seu filho Eurico)
Jantar de natal em Moçambique
Adília Guerra Lobo Guimarães
Adília Guerra Lobo Guimarães (1) era filha de Alberto de Lima Lobo (2) e de Adília Armandina Brito Guerra.
Alberto de Lima Lobo (2) nasceu no Bonfim em 13.9.1871. Negociante e depois funcionário numa casa de penhores na Rua de São Roque da Lameira. Casou no Bonfim a 16.2.1895 com Adília Armandina de Brito Guerra, nascida no Bonfim em 1875, filha de Joaquim do Espírito Santo Guerra e de Maria Laura de Brito Guerra. Alberto faleceu a 22.12.1926 no Porto.
Alberto de Lima Lobo (2) era filho de Rodrigo de Lima Lobo (3) e de Maria Germana.
Rodrigo de Lima Lobo (3) nasceu a 12 de Dezembro de 1830. Era produtor e vendedor de Sedas, tendo participado na Feira Internacional do Porto em 1865 . Casou com Maria Germana a 12 de Setembro de 1875 mas já depois deste casal ter pelo menos 5 filhos. Maria Germana parece ser prima direita de Rodrigo, de acordo com o registo de casamento que menciona o grau de consanguinidade. Maria Germana nasceu em Lisboa e é filha de Manoel Joaquim Cardoso e Angélica Rosa de Sá.
O casamento de Rodrigo com Maria Germana é curioso! Foi um casal que viveu junto bastantes anos antes de se casarem. Não sei como estas situações seriam vistas na época mas, à partida, seriam condenadas. Contudo, a família Lima Lobo parece ter aceitado perfeitamente dado que vários elementos são padrinhos dos filhos de Rodrigo e Maria Germana.
Rodrigo e Maria Germana tiveram pelo menos 5 filhos:
- Angélica, nasceu a 20 de Julho de 1861
- Rodrigo de Lima Lobo Jr. – nasceu a 11 de Janeiro de 1864. Casou com Delfina Rosa da Costa a 13 de Fevereiro de 1887. Faleceu a 17 de Fevereiro de 1920.
- Maria, terá nascido por volta de 1870
- Alberto de Lima Lobo (2), nasceu a 13 de Setembro de 1871 e faleceu a 22 de Dezembro de 1926.
- Laurentina, nasceu a 5 de Abril de 1873.
Rodrigo de Lima Lobo (3) era filho de Joaquim de Lima Lobo (4) e de Maria rosa de Sá (5). Joaquim casou, com apenas 16 anos, a 16 de Outubro de 1823, com Maria Rosa de Sá.
Maria rosa de Sá (5) nasceu em Santo Ildefonso em 11.1.1808, onde faleceu em 19.2.1902. Era filha de Henrique de Sá Pilão e de Maria Joaquina, ambos de Bragança. Encontro-me de momento a estudar a ascendência deste ramo, e tenho já como certeza que os seus antepassados eram judeus. Encontram-se disponíveis online documentos relativos a acusações efectuadas pelo tribunal do santo ofício de Coimbra, por prática de judaísmo de membros da família Sá Pilão de Bragança, após estes terem sido obrigados a converter-se ao cristianismo (cristãos-novos) (http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=2351312).
Joaquim de Lima Lobo (4) nasceu a 4 de Maio de 1807 em Sto Ildefonso, onde faleceu a 30 de Junho de 1883. Possuía uma fábrica de produção de sedas, fundada em 1831, na Rua de Santa Catarina no Porto.
(http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1550.pdf).
Suponho que o negócio das sedas já viria “de família” por estar ligado a vários ramos dos seus antepassados. Penso que Rodrigo (3), como seu filho mais velho, ter-se-à junto ao negócio da família.
Joaquim de Lima Lobo (4) era filho de Inácia Josefa de Lima (n.a 28.1.1770 Santa Maria - Bragança) e Manuel da Costa Lobo. Eram ambos de Bragança e ambos descendentes de Cristãos-Novos. Filipe Pinheiro de Campos estudou o ramo dos "Lima" e, de acordo com a sua hipótese, descenderiam de judeus Espanhóis que teriam imigrado para Portugal em consequência da perseguição pelos Reis católicos*. Inácia e Manuel casaram ainda em Bragança, e foi lá que começaram a ter filhos. Vieram para o Porto pelo menos em 1802 sendo que, de acordo com o livro de Filipe Pinheiro de Campos, estariam ainda em Bragança em 1798.
No gráfico apresentado observam-se 4 ramos da nossa Família com antepassados naturais de Bragança, sendo que, pelos menos 3 destes são descentes de Judeus: Os "Lima", os "Costa Lobo" e os "Sá Pilão".
Neste momento, estamos perante factos extremamente interessantes e que nos levam às seguintes questões: Porque razão seria ainda tão comum os casamentos entre membros descendentes de Cristãos-novos? Teriam ainda alguma relação com o judaísmo? Porque razão há uma tendência de migração de transmontanos, neste caso para o Porto, durante o período de mudança do séc. XVIII para o séc. XIX?
Foram estas as questões para as quais tentamos obter respostas...
Breve História dos Judeus em Portugal
A maioria dos judeus transmontanos são provenientes de Espanha, uma vez que foram expulsos do país vizinho, em 1492, por Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão. Os cerca de 60.000 judeus, que se recusaram a converter ao cristianismo, emigraram para Portugal por influência de D. João II, que viu nestes elevado interesse, quer pelo elevado conhecimento que possuíam quer pelo valor monetário que trariam. Exigiu-lhes, para tal, o pagamento de 8 ducados de ouro, uma quantia demasiado elevada naquela época. Em 1497, no reinado de D. Manuel, é imposta a expulsão da comunidade judaica de Portugal. Contudo, para impedir a saída de tanta gente do país e, consequentemente de elevado capital, ordenaram a conversão forçada dos judeus ao cristianismo no prazo de dez meses , criando o conceito de cristão-novo.
Em 1499, é proibida a saída do Reino aos cristãos-novos. No entanto, não lhes era limitada a ascensão a cargos políticos ou administrativos e podiam casar-se com cristãos-velhos.
Os cristãos-novos que permaneceram fieis à religião judaica eram designados por criptojudeus ou marranos. Foi devido a estes que D. João III mandou instalar a inquisição em Portugal em 1536, estabelecendo um política de distinção em relação aos cristãos-novos. Assim, muitas das cerca de 1.500 vítimas mortais da inquisição portuguesa eram cristãos-novos. Durante este período, o Santo Ofício influiu no desaparecimento dos ofícios nas regiões de Trás-os-montes e Beiras, onde os judeus eram os dinamizadores da produção de têxteis, sedas e lanifícios. Os nossos antepassados pertenciam a este grupo de pessoas.
Apenas em 1773, D. José I promulga uma lei que extinguiu as diferenças entre cristãos-novos e os cristãos-velhos, tornando inválidos todos os anteriores decretos e leis que discriminavam os cristãos-novos.
Em diversa bibliografia constatei que para além da endogamia, os cristãos-novos procuravam frequentemente maridos para as suas filhas entre membros do mesmo ofício, o que era sucessivamente continuado pelos filhos. No caso dos nossos antepassados, ambas as situações ocorrem, o que me leva a crer que os costumes dos cristão-velhos ainda não estavam de forma alguma enraizados.
Apesar de desde 1499 se permitir o casamento entre cristãos-novos e cristãos velhos, verifica-se que tal facto é muito raro. A lei de extinção das diferenças de direitos entre os cristãos-novos e os cristãos-velhos é, contudo, muito recente o que se reflecte no comportamento dos membros das famílias de antigos cristãos-novos e, inclusive, da nossa família.
Relativamente à questão da intensa migração de transmontanos para o Porto entre o final do séc XVIII e o inicio do séc. XIX, esta poderá estar fortemente relacionada com as suas profissões. Eram tecelões de seda.
O séc. XVIII em Bragança é caracterizado por crescimento económico e dinamismo, onde só a indústria bragançana da seda ocupava directamente cerca de mil operários. No entanto, no final deste séc. o número de amoreiras era bem inferior às necessidades exigidas para se dispor do bicho da seda e do casulo indispensável ao aumento da fiação e tecelagem que se pretendia. Além disso, a cobrança de um imposto de 3% sobre as vendas e o aumento do contrabando após o afastamento de Marques de Pombal, recrudesce a partir dos últimos anos do séc XVIII.
Por volta de 1800-1801, boa parte dos teares de Bragança encontravam-se paralisados, e a criação do casulo ao abandono. Muitos fabricantes de seda tinham abandonado a cidade, e os que ali permaneceram viviam de esmola, miseravelmente mendigando o sustento.
Grande parte deste surto migratório, veio a beneficiar da instalação do caminho-de-ferro que estimulou e acelerou a migração dos nordestinos para os grandes centros do país e para o exterior. Os nossos corajosos antepassados escolheram o Porto...
Bibliografia dos factos históricos que nos foram relevantes na compreensão da história da nossa família:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4848.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%A3o-novo
Vários, Dicionário da História de Portugal vol. II - Direcção de Joel Serrão, Livraria Figueirinhas/Porto - pp.232-235.
http://nortemredesag.blogspot.pt/p/braganca_7708.html
Bibliografia dos factos históricos que nos foram relevantes na compreensão da história da nossa família:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4848.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%A3o-novo
Vários, Dicionário da História de Portugal vol. II - Direcção de Joel Serrão, Livraria Figueirinhas/Porto - pp.232-235.
http://nortemredesag.blogspot.pt/p/braganca_7708.html
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